terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Adiamento

Douro- foto carmela

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada: hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje, quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária
Para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber de mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo
Divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana
Da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e
prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetira a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã
É que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública
Que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente
O que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio
De um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras,
Ou depois de amanhã...

Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos

sábado, 28 de janeiro de 2012

Filme brasileiro

ilustração Trimano
No auge da juventude de minha geração, quando estávamos convencidos de que íamos mudar o mundo com nossos filmes, costumávamos andar sempre em bando, como acontece quando compartilhamos utopias. Àquela altura, o Laboratório Líder era uma espécie de sede social do Cinema Novo em formação, de nossos encontros e reuniões realizados entre o casarão da Rua Álvaro Ramos e, na calçada oposta, um botequim modesto do qual nunca se soube o nome, pois só o chamávamos de Bar da Líder.

No simpático pé-sujo se faziam negócios e se trocavam informações, se discutia o futebol e se desenvolviam teorias sofisticadíssimas sobre o cinema em geral e o brasileiro em particular, tomando chope gelado e café requentado, comendo ovo cozido pintado de várias cores (a maior parte das vezes, cor-derosa), servido por Raimundo, garçom nordestino de bigodes fartos e temível corpanzil, que não respeitava ninguém. Por ali, reinava soberano sobre todas as tribos Nelson Pereira dos Santos, que tinha terminado “Mandacaru vermelho”, interpretado por ele próprio e Miguel Torres, ator que teria sido Fabiano em “Vidas secas”, não tivesse morrido tão cedo.

Nelson tinha ido para a Bahia filmar o romance de Graciliano Ramos, seu velho sonho, mas uma chuva inesperada tornou a caatinga verdejante durante meses. Para não perder a viagem e os recursos levantados, improvisou outro filme, um roteiro escrito em parceria com Miguel à medida que as filmagens avançavam, uma rapsódia romântica passada num Nordeste cuja secura não estava na geografia, mas na alma de seus personagens.

Era pelos cantos do Bar da Líder que trocávamos confidências sobre namoradas, família e outras amarguras. Era naquelas mesas bambas que contávamos uns aos outros os filmes que queríamos fazer. Foi ali que ouvi de Glauber Rocha, pela primeira vez, sua profecia recorrente e não realizada de que morreria aos 24 anos, como Castro Alves, o poeta baiano que nascera no mesmo dia que ele, 14 de março. Foi ali que Paulo César Saraceni decretou que o Cinema Novo não tinha nada a ver com idade, o Cinema Novo era uma questão de verdade e amizade. O que tinha tudo a ver com o Bar da Líder.

Uma noite, alertados por Paulo César, corremos atrás de Glauber que, numa crise de angústia e pessimismo, jogava os copiões de “Barravento” no lixo da Líder. Nelson ajudou a recolher os copiões do lixo e terminou montando “Barravento”, como faria depois com o episódio de Leon Hirszman em “Cinco vezes favela”. Passamos a invadir em bando a sala de montagem dos dois filmes, para não perdermos essas aulas magnas de cinema.

Dentro ou fora do Bar da Líder, Nelson era o grande mestre celebrado e respeitado por todos, não se fazia nada de importante sem que fosse consultado.

A diferença de idade entre ele e nós, que hoje não significa nada, era às vezes incômoda. Ela criava uma relação de certa cerimônia, para a qual contribuía sua ironia suave mas perfunctória, uma doçura que às vezes se transformava de repente em discurso agressivamente crítico. Certa vez, numa mesa do botequim, cercado de colegas, levei um desses seus esporros monumentais porque falei mal de um filme brasileiro recémlançado, realizado por um cineasta que não era muito admirado por nossa turma. Embora ferido, não tive coragem de responder-lhe. Mas também nunca mais esqueci seus argumentos em torno da responsabilidade que temos sobre todo e qualquer filme brasileiro, a necessidade de vê-los com um olhar responsável.

O que dissermos sobre um filme de Scorsese ou Spielberg não fará a menor diferença para a vida de seus realizadores. Mas a existência de um filme brasileiro depende de nós e de nossa disposição diante dele. É preciso ao menos um pouco mais de cuidado ao reagirmos ao filme, porque não se trata de perguntar se é possível fazer cinema no Brasil, e sim se isso é desejável. Se queremos mesmo que exista um cinema brasileiro.
Agora Nelson nos dá um presente surpreendente, uma afirmação positiva dessa ideia, com seu documentário (?), em parceria com Dora Jobim, “A música segundo Antonio Carlos Jobim”, em cartaz em todo o Brasil.

Nem reparei que era um documentário, que não havia tramas, personagens ou diálogos nesse filme, para mim estava sendo contada a história de um dos gênios brasileiros do século 20, através de sua produção artística. E, com essa história, registrava-se na tela uma cronologia do que este país já teve de melhor, como exemplo do que poderemos sempre ser.

Todos os momentos de “A música segundo Antonio Carlos Jobim” são imprescindíveis e inesquecíveis, do jeito que estão lá. Da voz inteligente e doce da bossa nova de Nara Leão à energia espetacular e dramática de Elis Regina, da consagração ao lado de Frank Sinatra à cantora alemã sem balanço a cantar “Garota de Ipanema”, é como se todos nós tivéssemos feito esse filme. Só um grande mestre do cinema é capaz de realizar um sonho desses.

CACÁ DIEGUES ( publicado no Globo 28/jan/2012)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

o mundo grátis custa muito mais caro

pintura Gonçalo Ivo

 O perigo de uma internet que é um faroeste é esse – os usuários são os que sofrem. Isso vai se aclarar com o tempo. Se uma plataforma, talvez até por acaso, vira um canal de atividade ilegal, deve haver medidas (internas ou externas por lei) para restringir o uso da plataforma a uso legal. Faz sentido, não? O consumidor no fim das contas é quem perde –  esse mundo grátis custa muito mais caro...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ídolo Total - Caetano Veloso

foto Teresa Eugênia

Nenhum outro artista brasileiro foi mais decisivo para a minha formação pessoal. Nenhum dos que também o foram resistiu mais ao crivo crítico da minha mente amadurecendo através dos anos. João Gilberto lançou uma luz angelicalmente suave e diabolicamente penetrante sobre o passado e o futuro da música chamada popular brasileira e nada pode ser visto aí com propriedade se não se leva em consideração essa luz. Toda a cultura e mesmo toda a vida dos brasileiros foi atingida por ela e por ela alquimicamente transformada. O tropicalismo foi um movimento romântico-destrutivo, mas a bossa nova foi um movimento clássico construtivo. Se Antonio Carlos Jobim é o mais exuberante e genial compositor-músico surgido da bossa-nova, João Gilberto é o mago que parece ter criado a possibilidade de tudo isso acontecer. Com o seu simples modo de tratar a palavra cantada, ele faz tanto pela língua portuguesa quanto os seus maiores poetas. Compreendendo e sentindo como ninguém a plasticidade do português falado no Brasil, ele age a um tempo desbravadora e normativamente sobre a sua história.  Fazendo sempre a mesma coisa que nunca é a mesma. João não pára de nos deleitar e surpreender, acalmar e intrigar. A escolha do repertório, o gosto das cadências harmônicas, a duração das notas da melodia dentro do tempo, o senso do silêncio, o jeito único de fazer soar o violão, tudo faz com que seu canto e seu toque sejam sempre uma lição e uma oração.  Uma nova lição e uma eterna oração.  Fico emocionado só de saber que João Gilberto vai cantar em Portugal. Nesse momento da conversa luso-brasileira, o diálogo deverá atingir a sua maior profundidade.
texto de Caetano Veloso em junho de 1984 para os 25 anos de carreira de João Gilberto, produzido pela ShowBras e celebrado em Lisboa 

domingo, 22 de janeiro de 2012

HUAHUAHUA!

Uma noite, no teatro, o capitão se apresentou. Não esqueço mais o nome dele: Schettino - Massimo Percossi/Efe
Christian Carvalho Cruz - O Estado de S.Paulo
Tipo, eu acho que nunca mais vou conseguir ouvir o som de um prato quebrando sem me lembrar. Por enquanto não sonhei nem tive pesadelo. É quando estou acordada mesmo, quieta, sem nada pra fazer, que aquela noite acontece outra vez. E não é legal. Os pratos e copos caindo, os gritos, a correria, os velhos tentando se segurar, as crianças perdidas chorando, os pais apavorados procurando. Era pra ter sido tão diferente...
Massimo Percossi/Efe
Uma noite, no teatro, o capitão se apresentou. Não esqueço mais o nome dele: Schettino
A minha volta a Barcelona tinha um zilhão de significados. Eram várias primeiras vezes. A primeira vez que eu retornava pra cidade onde morei dos 8 aos 13 anos com meus pais e meus dois irmãos. A primeira vez que eu viajava sozinha de avião \o/\o/\o/. (E só fiz 14, mas com muita responsabilidade, HUAHUAHUA!) A primeira vez em tanto tempo que eu ouvia me chamarem de Luiza de novo.
É que quando cheguei ao Brasil fui pra uma escola e na classe já tinha outra Luiza, a Luiza Cruz, minha amigona. Então eu passei a ser a Luiza Levy. E depois que me enturmei, só Levy. Até a professora me chama de Levy. Mas em Barcelona, que eu deixei imaginando ser o melhor lugar do mundo ever, o MEU lugar no mundo, continuo Luiza.
Bom, tinha também a primeira vez de fazer um cruzeiro num daqueles naviozões enormes, com piscina, lojas, cinema, teatro, balada... E, o mais importante, o motivo da minha volta, da minha alegria e ansiedade (minha mãe até me deu floral antes do embarque em São Paulo, hehe), a primeira vez que eu via a Juliana desde o dia em que nos despedimos, ela chorando horrores, na minha partida um ano e pouco atrás. Super hiper melhor amiga, a Juliana. Nos conhecemos no colégio em Barcelona, ela recém-chegada da Colômbia, meio perdida e isolada. Como eu no começo.
Gente, vocês não têm noção do inferno que pode se transformar a adaptação de um adolescente estrangeiro num país que não é o dele. Com o tempo melhora, mas até lá, afff!
A Juliana ia fazer 15 anos em 12 de janeiro e ganhou de presente dos pais uma viagem no Costa Concordia. Uma semana pelo Mediterrâneo com a família toda e direito a levar uma amiga - no caso, eu \o/. Do dia 9 ao 16. Só que tinha uma maldita sexta-feira 13 no meio. Cheguei a Barcelona no dia 2, e como tínhamos muuito tempo livre antes de subir no navio, aproveitamos basicamente para:
1) Fazer corujão (passar a noite conversando e só dormir quando o sol nasce).
2) Ir ao kart perto da minha ex-casa, que era o nosso programa preferido. Dessa vez, achei engraçado poder usar os carrinhos grandes, de adulto. Antes a gente só andava nos de criança. Caraca, cresci!
3) Comprar o meu primeiro salto alto da vida, porque no navio rola noite de gala. Tive que praticar pra não cair, UHUAHUAHUA... Eu tinha um vestido longo na mala, vermelho, e a mãe da Juliana me deu outro, dourado, pro jantar de aniversário a bordo.
4) O melhor de tudo: ficar vendo na internet uns vídeos do Costa Concordia. Muuuito tops! A gente riu bastante dos elevadores panorâmicos que subiam e desciam por trilhos iluminados por lâmpadas verdes. E foi aí que a Juliana inventou a expressão que depois a gente repetia toda hora que via uma coisa legal na viagem: "guuaauuuu!"
Assim que embarcamos eu e a Juliana corremos pros elevadores. Apertamos todos os botões e em cada andar entrava alguém falando um idioma diferente. Só muito tempo e risadas depois é que fomos pra nossa cabine. Ela ficava no lado direito do navio, bem o que tombou. Número 2.405, piso Suécia, que era o nome do segundo andar do Costa Concordia. Ficamos numa Suécia esquisitamente localizada em cima da Holanda e embaixo da Bélgica - meio diferente das aulas de geografia, hehe. Ainda mais pra cima, tudo empilhado, ficavam Grécia, Itália, Grã-Bretanha, Irlanda, Portugal, França, Alemanha e Espanha no topo \o/\o/. Na nossa cabine não rolava varanda, mas ela tinha um janelão onde cabíamos nós duas sentadas. Passamos os melhores momentos da viagem ali, vendo o mar, rindo e combinando como faríamos pra nos ver de novo quando as férias acabassem e eu voltasse pro Brasil.
A tal noite de gala, que acontecia em dias alternados, não era nada demais, tirando o fato de a gente ter que se produzir toda. E só pra jantar, hehe. Eu e a Juliana saíamos da cabine meio envergonhadas. Cabelo, unha, longo, salto alto... E ainda tinha um moooonte de gente circulando de sunga e maiô, UHUAHUAHUA. Depois da refeição, os adultos dançavam um pouco no restaurante e no final todos cantavam Volare, ô-ô, Cantare, ô-ô-ô rodopiando os guardanapos de pano no ar. Divertido até ;-). Numa dessas noites, antes do jantar, fomos pro teatro. O comandante do navio ia se apresentar aos passageiros. O teatro ficou lotado, e olha que era beeeem grande, três andares. O capitão apareceu no palco, junto com a equipe dele. Falou primeiro em italiano, depois em inglês e espanhol. Se apresentou, apresentou os colegas e desejou boa viagem. Só isso. Foi mega aplaudido, parecia Domingão do Faustão. Umas pessoas gritavam, assoviavam, U-HU!, tipo, "esse cara é bom!" Na hora eu não prestei atenção no nome dele, mas depois de tudo não esqueço mais: Schettino. Schettino cretino. :-(
Fizemos muitos amigos a bordo, e passávamos o dia inteiro circulando. Teen Zone, piscina, lojinhas, o deck. O navio é mesmo uma cidade. Mas tínhamos que estar no restaurante Milano às 9 horas para jantarmos juntos. Era uma ordem dos pais da Juliana. E, pensando agora, vejo como foi importante essa ordem, porque quando tudo aconteceu não tinha ninguém do nosso grupo de 15 pessoas em outra parte do navio. Estávamos todos no restaurante Milano, na mesma mesa, assim que o Costa Concordia bateu na pedra. E se vocês vissem a cara dos pais procurando os filhos que não estavam perto deles... Ai, foi muuuuito apavorante. A pior parte.
Nesse dia eu e a Juliana acordamos meio tarde, umas três da tarde. É que na noite anterior tinha sido o aniversário dela e nós só voltamos pra cabine às 5 da manhã :-o. Ficamos um tempão com a turma de amigos no teatro, que estava vazio. Subimos no palco, dançamos salsa, brincamos e rimos muito, pra variar. Até que a Juliana, deitada e olhando o lustre do tamanho de um carro pendurado no teto do teatro, falou assim: "Nossa, isso deve ter custado caro. Por que eles gastam dinheiro nessas coisas? Se um dia esse navio afunda..." Afff!
Quando a premonição da Juliana começou a se confirmar eu só tive tempo de comer o primo piatto, uma salada, porque o espaguete ao sugo nunca chegou. A primeira coisa estranha foi que de repente o restaurante todo tremeu. Então o navio deu uma inclinadinha. E na hora que uma voz nos alto-falantes disse para mantermos a calma, que tinha acontecido um problema técnico e logo ele seria consertado, já estávamos todos fora do restaurante. Por sorte a nossa mesa era a primeira ao lado da porta de emergência e eu só me lembro de ter pensado, tipo, meu, vamos correr daqui. Então o Costa Concordia inclinou com mais força e tudo começou a despencar. As mesas, as cadeiras, as máquinas da cozinha, panelas. Eu ouvia os pratos quebrando lá dentro.
Saímos pelo lado esquerdo do navio, o que ficou pra cima. Logo encontramos os armários onde guardam os coletes salva-vidas, que vestimos e depois colocamos num monte de crianças pequenas que não iam pra lado nenhum - só ficavam ali paradas, chorando, soluçando. Em volta, o maior empurra-empurra, umas mulheres brigando pra se segurar na grade que circunda o navio, vi um velhinho que estava sentado, coitado, ser atingido por uma coisa bem grande que veio escorregando de dentro do restaurante. Eu olhava pra Juliana e ela estava apavorada. Imagino que ela via a mesma expressão de medo em mim.
Então a gente foi pra frente de um bote pendurado do lado de fora do navio, mas acima do nosso andar. Um mundo de gente estava ali querendo entrar logo, aquela gritaria, e um funcionário não deixava. Nem se mexia. Parecia meio em choque, olhando a escuridão lá fora. Ele precisava apertar um botão pro bote descer e as pessoas entrarem, mas ele não fazia nada! Então eu parei na frente dele e, sem saber que língua falava, gritei em espanhol mesmo: "Eres tonto?! Baja ya el bote!" Ele finalmente apertou o botão.
Só fui chorar quando pisei em terra e peguei o celular da Juliana pra ligar pro meu pai no Brasil. Ele é músico, estava voltando pra casa depois de um trabalho. Acho que o deixei desesperado, porque assim que eu disse, chorando, "pai, o navio afundou", tóin-tóin-tóin: a ligação caiu. Ele me ligou de volta e berrava "o que foi, Luiza?! O que aconteceu?! Onde você está?!" Eu só chorava. E tóin-tóin-tóin: a ligação caiu de novo. Pelo jeito o coração do meu pai é forte, não sei como ele não teve um treco. Na terceira tentativa eu consegui contar mais ou menos pra ele o que tinha acontecido e que, sim, apesar de tudo, estávamos todos bem - eu e a família da Juliana.
Nessa altura, a caminho da igreja da Ilha de Giglio, que recebeu os sobreviventes, garoava e fazia muito frio. Mas pelo menos as minhas roupas - calças jeans, tênis e um moletom fino - estavam secas \o/. E com aquele mundão de gente caminhando pelas ruazinhas da ilha, os moradores começaram a jogar cobertores pelas janelas. Deu até briga, uns homens trocaram socos por causa de cobertor, dá pra acreditar? :-o
O nosso pessoal, em vez da igreja, foi recebido na casa de uma senhora italiana, onde permanecemos até a manhã seguinte, quando fomos levados para Roma e de lá voltamos de avião pra Barcelona. Nessa casa, a dona nos serviu café, chá, sanduíches e croissants. Puxa, eu não lembro o nome dela. Gostaria tanto de agradecer mais... No meio da noite nós ainda voltamos à costa para ver o navio. Parecia um prédio caído, com as luzes acesas refletindo na água. Dessa vez o nosso guuaauuuu saiu bem baixinho e encharcado de tristeza... ttt E ela só aumentou quando vimos dois irmãos gêmeos espanhóis, de nossa idade, ensopados e desesperados. Eles vieram nadando, ainda não tinham encontrado os pais, e lamentavam não ter encontrado o avô antes de deixarem o navio.
Hoje, passada uma semana daquela sexta-feira 13, quando o som dos pratos quebrando permitem, eu penso se gostaria de ter salvado algum dos meus pertences que levei a bordo do Costa Concordia. Porque só fiquei com o meu celular e o cartão chave da porta da cabine. Às vezes eu acho que seria legal ter a minha máquina fotográfica, porque as lembranças boas do cruzeiro - os rostos dos amigos que fiz, as paisagens que vi, os dias ensolarados que passei com a Juliana no deck - estão todas lá, agora embaixo d'água. Aí me dou conta de que tudo bem, melhor assim. Eu não preciso de nada além do abraço do meu pai, da minha mãe e dos meus irmãos. O MEU melhor lugar do mundo ever é onde NÓS estivermos juntos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O tempo da pirataria já passou

Palavras simples em português, “sopa” e “pipa” são acrônimos, em inglês, de duas leis em discussão no Congresso americano capazes de incendiar a internet. “Stop On-line Piracy Act” e “Protect Intellectual Property Act” , algo como leis do “Pare a Pirataria On-line” e da “Proteção da Propriedade Intelectual”, encontram-se, pela ordem, na Câmara dos Representantes e no Senado. Na quarta, surgiu o primeiro sinal, para o grande público, da reação de grupos conhecidos no mundo digital aos projetos de lei: o site da Wikipedia, nos Estados Unidos, entre outros, iniciou um blecaute de 24 horas contra Sopa e Pipa. O Google colocou uma tarja preta, e assim por diante. Alegam os opositores das propostas, semelhantes nos propósitos, que se trata de uma indevida ingerência do Estado no mundo “livre” da internet, algo como uma “censura”. É um exagero equiparar as leis a um ato de censura, mas o termo pegou, circula na rede de Computadores e a manifestação de quarta fez Parlamentares recuarem. Mas a discussão continuará. Ao “Wall Street Journal”, um dos fundadores do Wikipedia, Jimmy Wales, declarou: “A política de internet não deve ser estabelecida por Hollywood.” A menção à sede dos grande estúdios, hoje todos, ou quase, ligados a algum conglomerado de comunicação, ajuda a se entender quem está no centro da briga nos EUA. As leis, voltadas ao correto combate à crescente indústria da pirataria — destruidora de emprego formais, sonegadora de recursos tributários, etc. —, permitirão que a Justiça e o Ministério Público americanos reprimam esquemas de pirataria, e o conseqüente desrespeito a direitos autorais e de propriedade intelectual, montados fora dos Estados Unidos. Cabe um parêntese: uma lei de 1998 (Digital Millenium Copyright Act) permite que servidores sejam legalmente derrubados, se estiveram a serviço da pirataria. Mas só se funcionarem nos Estados Unidos. Sopa e Pipa — a primeira lei é mais direta ao ponto — estendem o raio de ação da Justiça Americana para fora do país. Afinal, sites têm sido criados no exterior para vender ao consumidor americano filmes, shows de TV, programas de computador, livros, músicas, muita coisa, até medicamentos, sem a devida remuneração aos proprietários. Tudo pago por cartão de crédito (barrar essas transferências não é tecnicamente difícil). O conflito, resumido entre “Hollywood vs. Vale do Silício”, vai muito além disso. Está em questão uma antiga e falsa ideia de que tudo na internet é de graça. Não pode ser, pois a Rede mundial de computadores não fez desaparecer o custo — que não é baixo — de produção de conteúdos, em qualquer mídia. Os chamados “agregadores de conteúdo”, Google, o maior deles, se lançaram e construíram forte base empresarial capturando textos, fotos, vídeos sem o devido pagamento a donos e autores. Este tempo passou. Isoladamente ou por meio de representações associativas, editores da mídia impressa e tvs negociam com Google e similares a disponibilidade de seu acervo, enquanto, no caso de jornais e revistas, começa-se a cobrar pelo acesso de leitores a cardápios especiais colocados na rede. Sopa e Pipa são apenas a expressão legal, nos Estados Unidos, de um movimento maior, iniciado pela conscientização das empresas tradicionais de comunicação sobre o que de fato começava a ocorrer na sua atividade com o surgimento da internet.                     editorial Opinião O Globo de 20jan2012...................................................................................................................
WASHINGTON:   The Department of Justice today announced that “individuals and two corporations have been charged in the United States with running an international organized criminal enterprise allegedly responsible for massive worldwide online piracy of numerous types of copyrighted works, through Megaupload.com and other related sites, generating more than $175 million in criminal proceeds and causing more than half a billion dollars in harm to copyright owners.”  Below is a comment from RIAA Chairman and CEO Cary Sherman:“We are deeply grateful to the Justice Department professionals who worked tirelessly on this case for two years.  Federal law enforcement has delivered a historic blow against one of the most notorious illegal distribution hubs in the world.  The indictment outlines a sinister scheme to generate massive profits through the distribution of the stolen intellectual property of others. It also demonstrates that the Justice Department meant what it said when Attorney General Holder committed to enforcing intellectual property theft as a top priority.  The indictment unveils the true nature of services such as Megaupload and should send a clear signal to other similar illegal distribution hubs that think they can violate the law with impunity.” “This also demonstrates the malicious intent of the criminal operators behind these illegal sites, which poses a very real and serious problem for the creative community.  Anyone who doubts that should read this indictment closely.   The government has many tools at its disposal, including criminal prosecution.  But if this service were hosted and operated, for example, in a foreign country, our government would be essentially powerless to do anything about it.  That needs to change.” Additional notes:  According to the Department of Justice’s news release and indictment, Megaupload.com is advertised as having more than one billion visits to the site, more than 150 million registered users, 50 million daily visitors, and accounting for four percent of the total traffic on the Internet.  According to Alexa rankings, Megaupload is among the 100 most visited websites in the world.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ânimo

pintura Gonçalo Ivo
"Avante, meus filhos, o mar estremece diante de vós!exclamou o herói marítimo português e circunavegador Vasco da Gama para sua tripulação desesperada diante de um furacão no oceano Índico.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Se a Europa despertar

pintura Gonçalo Ivo
A imaginação política dos europeus só passará mais uma vez à ofensiva se for transformada pelo entusiasmo de inventar uma continuação nova e transfiguradora de sua história. A inteligência da Europa enfrenta agora o desafio de reconstruir o mecanismo do seu destino; e desta vez não se trata de um sujeito político da grande Europa Ocidental com sede em Bruxelas, manifestando uma nova pretensão ao Império. 
Não cabe aos europeus de hoje e de amanhã representar pela enésima vez o papel dos romanos. A tarefa que os europeus devem enfrentar consiste antes em submeter a uma metamorfose histórica o próprio princípio da grande potência ou do Império. A obrigatoriedade da grande política aparece hoje no desafio de romper o próprio caráter imperial da imagem da grande potência e transformá-la em um participante no cenário de uma futura política interna mundial. A Europa será o seminário onde os homens aprendem a pensar para além do Império. Surpreender o mundo com o novo, não é isso algo bem europeu? 
De um ponto de vista exigente, ser europeu significa hoje assumir a revisão do princípio do Império como a maior tarefa tanto da teoria quanto da prática. Não se trata mais de dar forma a potências neo-europeias pela apropriação de modelos da velha Europa, mas sim de suprimir o próprio princípio do Império, substituindo-o - em um ato histórico-mundial de criação de forma política- pelo princípio da união de Estados. Como federação multinacional, a Europa deve desenvolver um primeiro modelo bem-sucedido de uma camada intermediária, hoje ausente, entre os Estados nacionais e as organizações do complexo das Nações Unidas. Esse é o tema inevitável de uma futura filosofia política europeia, da qual já é possível dizer que só pode concretizar-se como filosofia processual do pós-imperialismo. 
Peter Sloterdijk - Se a Europa Despertar, reflexões sobre o programa de uma potência mundial ao final de uma era de sua letargia política.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Anti política cultural

Partideiro- ilustração Luis Trimano
Se houvesse mesmo uma cidadania corporativa ganhando espaço nos processos de gestão organizacional ou ainda a inclusão social, digital, sociocultural como ativos nas empresas, qual seria o comportamento que se esperaria delas quando no mundo todo se fala em "guerra cambial"?Qual é a contribuição sócio cultural que as grandes empresas patrocinadoras de eventos culturais no Brasil, que usufruem de incentivos fiscais nas suas operações, tem dado ao Brasil nesse momento de guerra cambial?Um paralelo trágico e inimaginável seria numa situação de guerra um grupo de empresas passar a fornecer armas para o inimigo. Mas afinal que guerra é essa?Nossa política anti cultural atua incentivando e submetendo o país a perdas. Não se fala em sustentabilidade quando a questão é a cultura. É legitima a preocupação com os acessos aos idosos, aos deficientes, o destino do lixo produzido, enfim, mas não podemos ficar por isso. O produto cultural está impregnado de política, a quem interessa incentivar com subsídio fiscal a importação de produtos culturais estrangeiros? Quem é o inimigo nessa guerra cambial?A anti política cultural no Brasil está centrada na valorização do produto cultural importado em detrimento do conteúdo nacional. Se impõe através da midia e da vanguarda do processo tecnológico, se utiliza periodicamente do câmbio a seu favor e mais recentemente do incentivo fiscal dado pelo governo via Lei Rouanet e Leis estaduais de isenção de ICMS. Goza portanto de vantagens comparativas e usufrui o mercado brasileiro de forma hegemônica.A anti política cultural no Brasil não dá resposta para a debacle da música nacional, a mais importante manifestação cultural brasileira. Derrotada a economia da música no país, a anti política cultural brasileira trata de aproveitar o vazio ampliando a participação e presença do produto estrangeiro.Não há política nacional alguma que não seja a de enfrentar a anti política cultural estabelecida entre nós e que nos impõe perdas significativas.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

LIxo só

foto GL praia de Ipanema
Impressionou a sujeira na praia no dia 25 quando fui dar um passeio do Leblon ao Arpoador ... e não só da areia mas também do mar, muito mais sujo. Não é a população a responsável por isso. Querer passar a responsabilidade para as pessoas que frequentam é injusto, 
por exemplo fazer feira na praia é permitido, vende-se de tudo pelas areias. O prefeito disse ao se eleger que faltava dinheiro mas não atitude e seria tolerância zero, um choque de ordem nas praias. Durou o tempo da comemoração. As kombis e outras geringonças que fornecem cadeiras e suportam o comércio na praia estão estacionadas por toda orla, direto. O festival de côco servido nas praias não poderia ter outro resultado senão a sujeira que provoca. O mar em qualquer outra parte do mundo estaria desabilitado para o banho. Dizem que são algas que escurecem o mar, mas e o que se vê boiando o que é? As mães gritam para as crianças: olha o cocô! sai daí menino!... Resolver depende de uma campanha de verdade contra a sujeira, um choque contra a sujeira do Rio, tão intenso como contra o crime... e onde vai o dinheirão gasto com a Comlurb? O prefeito deveria explicar, onde está o choque de ordem?As praias são dominadas por grupos de negócios nas areias, a sujeira é estrutural e permitida, o mar é descarrego de detritos. O que houve dia 25 de dezembro foi um escândalo, na areia e no mar, um crime contra o Rio de Janeiro e as autoridades deveriam ser responsabilizadas (não é diferente a calamidade nos aeroportos)... é mais fácil jogar a culpa no povo, difícil é dizer com todas as letras, é um vexame da governação que permite isso, que não resolve isso, que se esconde atrás disso. Limpar a praia tem o custo político. Definir e fazer valer regras de comportamento, reduzir a circulação de mercadorias, limitar a venda, retornar com as carrocinhas no calçadão... quem quiser comer e beber deveria se levantar e ir ao calçadão. Assim como proibiram cachorros, como é óbvio, porque não limitar a comilança na praia? O custo que isso impõe vale muito, todo mundo experimentaria algo inédito: praia sem gritaria de vendedores, sem sujeira na areia...poderiam começar de forma gradativa testando em algumas praias. E diminuir os ambulantes, que francamente é um espetáculo de horror vê-los “trabalhando” no verão , é uma desumanidade que todo mundo se acostumou...afinal o governo serve para que?
                                                                                         
JORNALISTA CULPOU A FALTA DE EDUCAÇÃO PELA SUJEIRA
 RUTH DE AQUINO - 29/12/2011 revista época  Era lixo só. No domingo de Natal, ninguém se atrevia a ir à praia em Ipanema e Leblon, os bairros da zelite carioca. É o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, mas o que sobra em dinheiro falta em educação. Todo mundo culpou a Comlurb, a companhia municipal de limpeza. Que direito tem a prefeitura de expor nossa falta de respeito com o espaço público?
É verdade que houve uma falha operacional. Os garis do sábado à noite teriam de dar mais duro para compensar a redução da equipe da Comlurb no domingo. A praia mais sofisticada da cidade, que vai do canto do Arpoador até o fim do Leblon, amanheceu com 25 toneladas de lixo espalhadas, um espetáculo nojento. Cocos são o maior detrito: 20 mil por dia. Mas tem muita embalagem de biscoito e sorvete. As criancinhas imitam os pais que deixam na areia latas de cerveja, copos de mate, garrafinhas de água, espetos de queijo coalho, canudos de plástico. É o porco pai, a porca mãe e a prole de porquinhos.
Adorei o atraso da Comlurb por seu papel didático. Quem andou no calçadão dominical e olhou aquela imundície pode ter pensado, caso tenha consciência: e se cada um cuidasse de seu próprio lixo como pessoas civilizadas? O Rio está cheio de farofeiro. De fora e de dentro. De todas as classes sociais. Gente que ainda não aprendeu que pode carregar seu próprio saquinho de lixo na praia. A areia que sujamos hoje será ocupada amanhã por nós mesmos, nossas crianças ou os bebês dos outros. Falo do Rio, mas o alerta serve para o Brasil inteiro neste verão. Temos um litoral paradisíaco. Por que maltratar as praias?
Na Cidade Maravilhosa, o terceiro maior orçamento da prefeitura é o da Comlurb. Só perde para Educação e Saúde. Por ano, a prefeitura gasta R$ 1 bilhão coletando lixo dos prédios e das ruas. “Para recolher a lambança que as pessoas fazem nas ruas, parques, praias, são gastos R$ 550 milhões”, me disse o prefeito Eduardo Paes. “Daria para construir 100 escolas num ano, ou 150 creches, ou 200 clínicas da família.”
No ano passado, Paes criou o “lixômetro”, uma medição do lixo público nos bairros. Quem reduzisse mais ao longo do ano ganharia benfeitorias. O campeão foi a Cidade de Deus, comunidade carente pacificada. Menos lixo no espaço público significa economia para o contribuinte e trabalho menos penoso para os garis. A multa no Rio, hoje, para quem joga lixo na rua é de R$ 146, mas jamais alguém foi multado. Os guardas municipais raramente abordam os sujismundos e preferem tentar educar, explicar que não é legal.
As cestas de lixo nunca serão suficientes para os porquinhos. Porque o que conta é educação e cultura 
Os porquinhos adoram um argumento: não haveria cestas de lixo suficientes. Na orla, as 1.400 caçambas não dariam para o lixo do verão. A partir de fevereiro, as caçambas dobrarão de volume, de 120 litros para 240 litros. E nunca serão suficientes. Porque o que conta é educação e cultura. Ou você se sente incapaz de jogar qualquer coisa no chão e anda com o papel melado de bala até encontrar uma lixeira, ou você joga mesmo, sem culpa nem perdão. O outro argumento é igual ao dos políticos corruptos: todo mundo rouba, por que não eu? Pois é, todo mundo suja, a areia já está coalhada de palitinhos, plásticos e cocos, que diferença eu vou fazer? Toda a diferença do mundo. O valor de cada um ninguém tira.
Em alta temporada, 200 garis recolhem, de 56 quilômetros de praias no Rio, 70 toneladas de lixo aos sábados e 120 toneladas de lixo aos domingos. A praia com mais lixo é a da Barra da Tijuca. Em seguida, Copacabana. Tenham santa paciência. Quando vejo aquela família que leva da praia suas barracas, cadeirinhas e bolsas, mas deixa na areia um rastro de lixo, dá vontade de perguntar: na sua casa também é assim?
A tímida campanha do “Rio que eu amo eu cuido” mostra que muito mais conscientização será necessária. A China produziu um gigantesco rolo compressor antes das Olimpíadas: em outdoors nas ruas, programas de rádio e televisão, o governo pedia à população que não cuspisse e escarrasse na rua. Era uma forma de tentar mostrar ao mundo que o povo não era tão mal-educado.
Experimente responder a estas perguntas. Jogo lixo na rua? Já deixei lixo na praia? De carro, furo o sinal vermelho? Acelero no sinal amarelo para assustar o pedestre? Buzino sem parar e xingo no trânsito? Dirijo depois de beber? Deixo meu cachorro fazer cocô na rua sem recolher? Já fiz xixi publicamente? Corro de bicicleta na calçada, pondo em risco velhinhos e crianças? Abro a mala do carro estacionado para fazer ecoar meu som predileto?
Que tal ser um cidadão melhor e menos porquinho em 2012?