Parte de entrevista do ROMÁRIO ao jornalista Cosme Rimoli - TV Record .- Você foi recebido com preconceito em Brasília?
NYC- foto GL
Olha, vou ser claro para quem ler entender como as coisas são. Há o burro, aquele que não entende o que acontece ao redor. E há o ignorante, que não teve tempo de aprender. Não houve preconceito comigo porque não sou nem uma coisa nem outra. Mesmo tendo a rotina de um grande jogador que fui, nunca deixei de me informar, estudar. Vim de uma família muito humilde. Nasci na favela. Meu pai, que está no céu, e minha mãe ralaram para me dar além de comida, educação. Consciência das coisas... Não só joguei futebol. Frequentei dois anos de faculdade de Educação Física. E dois de moda. Sim, moda. Sempre gostei de roupa, de me vestir bem. Queria entender como as roupas eram feitas. Mas isso é o de menos. O que importa é que esta sede de conhecimento me deu preparo para ser uma pessoa consciente... Preparada para a vida. E insisto em uma tese em Brasília, com os outros deputados. O Brasil só vai deixar de ser um país tão atrasado quando a educação for valorizada. O professor é uma das classes que menos ganha e é a mais importante. O Brasil cria gerações de pessoas ignorantes porque não valoriza a Educação. E seus professores. Não há interesse de que a população brasileira deixe de ser ignorante. Há quem se beneficie disso. As pessoas que comandam o País precisam passar a enxergar isso. A Saúde é importante? Lógico que é. Mas a Educação de um povo é muito mais.
- Essa ignorância ajuda a corrupção? Por exemplo, que legado deixou o Pan do Rio?
Você não tenha dúvidas que a ignorância é parceira da corrupção. Os gastos previstos para o Pan do Rio eram de, no máximo, R$ 400 milhões. Foram gastos R$ 3,5 bilhões. Vou dar um testemunho que nunca dei. Comprei alguns apartamentos na Vila Panamericana do Rio como investimento. A melhor coisa que fiz foi vender esses apartamentos rapidamente. Sabe por quê? A Vila do Pan foi construída em cima de um pântano. Está afundando. O Velódromo caríssimo está abandonado. Assim como o Complexo Aquático Maria Lenk... É um escândalo! Uma vergonha! Todos fingem não enxergar. Alguém ganhou muito dinheiro com o Panamericano do Rio. A ignorância da população é que deixa essa gente safada sossegada. Sabe que ninguém vai cobrar nada das autoridades. A população não sabe da força que tem. Por isso que defendo os professores. Não temos base cultural nem para entender o que acontece ao nosso lado. E muito menos para perceber a força que temos. Para que gente poderosa vai querer a população consciente? O Pan do Rio custou quatro vezes mais do que este do México. Não deixou legado algum e ninguém abre a boca para reclamar.
- Se o Pan foi assim, a Copa do Mundo no Brasil será uma festa para os corruptos...
Vou te dar um dado assustador. A presidente Dilma havia afirmado quando assumiu que a Copa custaria R$ 42 bilhões. Já está em R$ 72 bilhões. E ninguém sabe onde os gastos vão parar. Ningúem. Com exceção de São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e olhe lá...Pernambuco... Todas as outras sete arenas não terão o uso constante. E não havia nem a necessidade de serem construídas. Eu vi onze das doze... Estive em onze sedes da Copa e posso afirmar sem medo. Tem muita coisa errada. E de propósito para beneficiar poucas pessoas. Por que o Brasil teve de fazer 12 sedes e não oito como sempre acontecia nos outros países? Basta pensar. Quem se beneficia com tantas arenas construídas que servirão apenas para três jogos da Copa? É revoltante. Não há a mínima coerência na organização da Copa no Brasil.
- São Paulo acaba de ser confirmado como a sede da abertura da Copa. Você concorda?
Como posso concordar? Colocaram lá três tijolinhos em Itaquera e pronto... E a sede da abertura é lá. Quem pode garantir que o estádio ficará pronto a tempo? Não é por ser São Paulo, mas eu não concordaria com essa situação em lugar nenhum do País. Quando as pessoas poderosas querem é assim que funcionam as coisas no Brasil. No Maracanã também vão gastar uma fortuna, mais de um bilhão. E ninguém tem certeza dos gastos. Nem terá. Prometem, falam, garantem mas não há transparência. Minha luta é para que as obras não fiquem atrasadas de propósito. E depois aceleradas com gastos que ninguém controla.
- O que você acha de um estádio de mais de R$ 1 bilhão construído com recursos públicos. E entregue para um clube particular. Você está falando do estádio do Corinthians, não é? Não vou concordar nunca. Os incentivos públicos para um estádio particular são imorais. Seja de que clube for. De que cidade for. Não há meio de uma população consciente aceitar. Não deveria haver conversa de politico que convencesse a todos a aceitar. Por isso repito que falta compreensão à população do que está acontecendo no Brasil para a Copa.
- A Fifa vai fazer o que quer com o Brasil?
Infelizmente, tudo indica que sim. Vai lucrar de R$ 3 a R$ 4 bilhões e não vai colocar um tostão no Brasil. É revoltante. Deveria dar apenas 10% para ajudar na Educação. Iria fazer um bem absurdo ao Brasil. Mas cadê coragem de cobrar alguma coisa da Fifa. Ela vai colocar o preço mais baixo dos ingressos da Copa a R$ 240,00. Só porque estamos brigando pela manutenção da meia entrada. É uma palhaçada! As classes C, D e E não vão ver a Copa no estádio.
O Mundial é para a elite. Não é para o brasileiro comum assistir.
- Ricardo Teixeira tem condições de comandar o processo do Mundial de 2014?
Não tem de saúde. Eu falei há mais de quatro meses que ele não suportaria a pressão. Ser presidente da CBF e do Comitê Organizador Local é demais para qualquer um. Ainda mais com a idade que ele tem. Não deu outra. Caiu no hospital. E ainda diz que vai levar esse processo até o final. Eu acho um absurdo.
- Muito além da saúde de Ricardo Teixeira. Você acha que pelas várias denúncias, investigações da Polícia Federal... Ele tem condições morais de comandar a organização Copa no Brasil?
Não. O Ricardo Teixeira não tem condições morais de organizar a Copa. Não até provar que é inocente. Que não tem cabimento nenhuma das denúncias. Até lá, não tem condições morais de estar no comando de todo o processo. Muito menos do futebol brasileiro...
A África apresentou há alguns meses atrás o resultado final da Copa do Mundo: deu prejuízo e grande. Agora é a vez do Brasil. Fifa, CBF, políticos e os empreiteiros vão ganhar muito dinheiro.
Quem teve a idéia de promover, o evento em nosso país, alguém sabe?
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
ROMÁRIO
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
O jogo da pirataria
fotoGL Miami |
A desinformação, neste caso, está em dizer que estes projetos de lei
representam uma ameaça à liberdade de expressão. Isto equivale a um político corrupto
no Brasil protestar que a lei da Ficha Limpa seria uma ameaça às liberdades
civis.
Metáforas à parte, há três aspectos da campanha coordenada dos gigantes
da internet contra as leis antipirataria que merecem uma reflexão:
A primeira é o estranho paradoxo de as mesmas empresas repetidamente flagradas
secretamente violando a privacidade dos seus milhões de usuários assumirem o
papel de paladinos da liberdade.
A segunda são as declarações indignadas destas corporações de que leis
antipirataria equivalem à “censura”, expressão que evoca a atuação repressiva
dos regimes ditatoriais do Irã e da China na internet. Mas desde quando é “censura”
a ação de um juiz de direito numa sociedade democrática, tomada após ouvir os
argumentos das partes e considerar as evidências do caso?
E a terceira, e mais instigante, é o fato singelo de que, na campanha
dos gigantes da internet contra as leis antipirataria, nunca é mencionado que
algumas destas mesmas empresas indiretamente faturam centenas de milhões de dólares
com a pirataria.
É isto mesmo. Google, Yahoo e outros agregadores se apropriam
indiretamente do trabalho de atores, diretores, jornalistas, compositores,
cantores, produtores, escritores e editores para faturar com publicidade.
Esta afirmativa pode parecer extrema. Afinal, será que Sergey Brin e Larry
Page, os jovens bilionários que criaram o Google com o genial slogan “do no
evil”, seriam capazes de tamanha desfaçatez?
Esta é a deixa para a entrada em cena de um personagem que surgiu do
anonimato nas últimas semanas: Kim Dotcom, criador do site de armazenamento e
distribuição de conteúdo, especialmente conteúdo pirata, Megaupload.
Dotcom foi preso em janeiro na sua mansão na Nova Zelândia. Com seus helicópteros,
coleção de carros de luxo e dezenas de milhões de dólares, ele representa o
lado escondido da distribuição gratuita do trabalho de terceiros pela internet.
Ao contrário do estereótipo difundido por alguns, a distribuição ilegal
via internet não é obra de jovens libertários compartilhando arquivos com amigos
— isto é tão somente um proverbial boi de piranha. A pirataria na realidade é fruto
do trabalho de Kim Dotcom e outros como ele, que vendem espaço publicitário aproveitando
o tráfego de internautas gerado pelas descargas ilegais; assim, protegidos por
uma suposta defesa da liberdade de expressão, ficam milionários explorando o
trabalho de uns e a ingenuidade de outros.
E onde figuram Sergey Brin e Larry Page neste cenário? Google não
oferece diretamente filmes e livros piratas. Mas o Megaupload não tem funcionários vendendo publicidade
mundo afora. A publicidade veiculada no Megaupload e outros sites de descarga ilegal
é distribuída pelas plataformas de mídia oferecidas pelos grandes agregadores
da internet, tais como a Google Adwords. Para cada milhão de dólares dos
anunciantes faturado pelo Megaupload, outros tantos são depositados nas contas
dos agregadores.
Para escritores, compositores, atores, diretores, músicos — zero. O Megaupload não é o único site que fatura
com o tráfego ilegal. Existem dezenas de outros. Mais de 90% das descargas piratas
de livros brasileiros se originam no site americano 4shared, que, em parceria
com os agregadores, fatura alto se apropriando do trabalho de escritores
brasileiros.
O uso demagógico da defesa da liberdade de expressão atrasou a aprovação
das leis antipirataria nos parlamentos dos Estados Unidos e da Europa. Mas, inevitavelmente,
estas leis serão aprovadas porque são fundamentais para a continuidade da produção
intelectual, cultural, científica e jornalística. E, sim, para preservar a genuína
diversidade e liberdade de expressão.
A sociedade e o legislativo brasileiro não podem ignorar esta questão.
Se cederem à pressão da desinformação em prol da impunidade dos piratas, a produção
cultural e científica nacional vai definhar e crescerá o consumo no Brasil da
produção cultural, jornalística e científica estrangeira, devidamente protegida
pela lei nos seus países de origem.
texto de ROBERTO FEITH , jornalista e editor de livros, publicado no Globo de 27 de fevereiro de 2012.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Passista da Mangueira
Sambódromo 2012 - Rio |
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Galvão
Quando diante do relevo meu amigo exclamou: "Sérgio Camargo???!!!" lhe respondi: "João Carlos Galvão!" A vitória do trabalho de Galvão se expressa também pela lembrança que projeta. Se Camargo é um marco na arte brasileira seu discurso não parou aí, Galvão que foi seu assistente nos anos 60 em Paris, avançou e já confunde os olhares ávidos por nomear autoria. Ao lado de Camargo podemos eleger Galvão como "Mestre" do construtivismo nacional. E como ele mesmo diz: "a tridimensionalidade é uma vocação brasileira".
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
sábado, 11 de fevereiro de 2012
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Ser Brasil
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Tá tudo dominado...
Mas o que leva alguém a supor que ainda há mundo a ser
dominado? Já está dito: tá tudo dominado.
Coube ao nosso sociólogo Hermano Vianna em sua coluna no
Globo desta sexta feira, especular sobre pressupostos da ação legislativa
americana e criticar o avanço dos controles associados à Nova Cultura como
imbecilidades e fragilidades face a uma ameaça de dominação do mundo. Seria preocupação com o que acontece lá? Bem longe daqui.
Coube também duvidar dos números da pirataria, de lá. Fala
do desemprego americano e cita frases de Neil Young, Julian Sanchez (?), Nat
Torlington (?), Mike Loukides (?)
e Thomas Jefferson. É pretensão científica típica daqui citar grandes
conhecimentos com o que se passa por lá para angariar prestígio por cá. A
mistificação passa pelo uso de fontes desconhecidas que esclarecem a ignorância
do leitor e aumentam a credibilidade do texto.
Ressalvas anti comunistas servem para legitimar opiniões
sobre comportamentos econômicos, acrescidas de aferições planetárias sobre a
decadência do que o sociólogo chama de indústria de conteúdo. Estas estariam
ameaçando internautas que simplesmente insistem em difundir produtos roubados.
Tudo isso para concluir que o conteúdo privado polui o
domínio público, como o céu é do avião... e sem deixar de lembrar que idéia é sempre criada a partir de idéia dos
outros (?... ). Na verdade insiste em desvalorizar a criação individual afim de
negar sua propriedade. Mistura o direito de memorizar uma música com direito de
propriedade sobre a comercialização, esquece que a venda legal de produtos
ilegais é uma ilegalidade, que uma agência de carros legal que comercializa
carros roubados também pratica uma ilegalidade.
Mas o que leva alguém a supor que ainda há mundo a ser
dominado? O pior inimigo é não sabê-lo e não há meio melhor de sublimar a
realidade que nos atinge do que enveredar pelo escapismo, outra atitude típica
por aqui. As questões são abordadas sob um anticomprometimento. Pouco importa o
que acontece por aqui.
A falta de controles sobre a pirataria nos novos meios em
nosso ambiente? Isso não é assunto. Criative Commons sim, foi assunto enquanto
pode para finalmente não querer dizer exatamente nada entre nós, mas ocupou
muito espaço, vazio.
O impacto que a pirataria teve e tem sobre a nossa economia
e sobretudo na geração de riquezas da Música Brasileira, principal produto
cultural nacional, isso não é assunto. A debacle cultural do Brasil na última
década, a desmobilização de toda malha envolvida na música nacional, a
decorrente perda da hegemonia do seu mercado, a nova ocupação estrangeira do
mercado de shows no Brasil, a ausência de competitividade nacional, nada disso é assunto. A isenção fiscal para
importação de produtos culturais também não merece reflexão. Vamos falar de
pirataria lá, da Assembléia americana, da sopa de lá, daqui, nada.
A pirataria tem prestado um serviço nos mercados mundiais
alternativos, frustra a comercialização no meio anterior e inibe o
desenvolvimento do novo. Condena ao atraso e entrega o mercado a quem tem
capacidade de investimento. Quem são os verdadeiros visionários entre nós? Ou a
quem interessa insuflar o debate da polarização Hollywood contra Vale do
Silício? Que país é esse?... ou Tá tudo dominado.
O artigo do Hermano
O artigo do Hermano
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