segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

LIxo só

foto GL praia de Ipanema
Impressionou a sujeira na praia no dia 25 quando fui dar um passeio do Leblon ao Arpoador ... e não só da areia mas também do mar, muito mais sujo. Não é a população a responsável por isso. Querer passar a responsabilidade para as pessoas que frequentam é injusto, 
por exemplo fazer feira na praia é permitido, vende-se de tudo pelas areias. O prefeito disse ao se eleger que faltava dinheiro mas não atitude e seria tolerância zero, um choque de ordem nas praias. Durou o tempo da comemoração. As kombis e outras geringonças que fornecem cadeiras e suportam o comércio na praia estão estacionadas por toda orla, direto. O festival de côco servido nas praias não poderia ter outro resultado senão a sujeira que provoca. O mar em qualquer outra parte do mundo estaria desabilitado para o banho. Dizem que são algas que escurecem o mar, mas e o que se vê boiando o que é? As mães gritam para as crianças: olha o cocô! sai daí menino!... Resolver depende de uma campanha de verdade contra a sujeira, um choque contra a sujeira do Rio, tão intenso como contra o crime... e onde vai o dinheirão gasto com a Comlurb? O prefeito deveria explicar, onde está o choque de ordem?As praias são dominadas por grupos de negócios nas areias, a sujeira é estrutural e permitida, o mar é descarrego de detritos. O que houve dia 25 de dezembro foi um escândalo, na areia e no mar, um crime contra o Rio de Janeiro e as autoridades deveriam ser responsabilizadas (não é diferente a calamidade nos aeroportos)... é mais fácil jogar a culpa no povo, difícil é dizer com todas as letras, é um vexame da governação que permite isso, que não resolve isso, que se esconde atrás disso. Limpar a praia tem o custo político. Definir e fazer valer regras de comportamento, reduzir a circulação de mercadorias, limitar a venda, retornar com as carrocinhas no calçadão... quem quiser comer e beber deveria se levantar e ir ao calçadão. Assim como proibiram cachorros, como é óbvio, porque não limitar a comilança na praia? O custo que isso impõe vale muito, todo mundo experimentaria algo inédito: praia sem gritaria de vendedores, sem sujeira na areia...poderiam começar de forma gradativa testando em algumas praias. E diminuir os ambulantes, que francamente é um espetáculo de horror vê-los “trabalhando” no verão , é uma desumanidade que todo mundo se acostumou...afinal o governo serve para que?
                                                                                         
JORNALISTA CULPOU A FALTA DE EDUCAÇÃO PELA SUJEIRA
 RUTH DE AQUINO - 29/12/2011 revista época  Era lixo só. No domingo de Natal, ninguém se atrevia a ir à praia em Ipanema e Leblon, os bairros da zelite carioca. É o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, mas o que sobra em dinheiro falta em educação. Todo mundo culpou a Comlurb, a companhia municipal de limpeza. Que direito tem a prefeitura de expor nossa falta de respeito com o espaço público?
É verdade que houve uma falha operacional. Os garis do sábado à noite teriam de dar mais duro para compensar a redução da equipe da Comlurb no domingo. A praia mais sofisticada da cidade, que vai do canto do Arpoador até o fim do Leblon, amanheceu com 25 toneladas de lixo espalhadas, um espetáculo nojento. Cocos são o maior detrito: 20 mil por dia. Mas tem muita embalagem de biscoito e sorvete. As criancinhas imitam os pais que deixam na areia latas de cerveja, copos de mate, garrafinhas de água, espetos de queijo coalho, canudos de plástico. É o porco pai, a porca mãe e a prole de porquinhos.
Adorei o atraso da Comlurb por seu papel didático. Quem andou no calçadão dominical e olhou aquela imundície pode ter pensado, caso tenha consciência: e se cada um cuidasse de seu próprio lixo como pessoas civilizadas? O Rio está cheio de farofeiro. De fora e de dentro. De todas as classes sociais. Gente que ainda não aprendeu que pode carregar seu próprio saquinho de lixo na praia. A areia que sujamos hoje será ocupada amanhã por nós mesmos, nossas crianças ou os bebês dos outros. Falo do Rio, mas o alerta serve para o Brasil inteiro neste verão. Temos um litoral paradisíaco. Por que maltratar as praias?
Na Cidade Maravilhosa, o terceiro maior orçamento da prefeitura é o da Comlurb. Só perde para Educação e Saúde. Por ano, a prefeitura gasta R$ 1 bilhão coletando lixo dos prédios e das ruas. “Para recolher a lambança que as pessoas fazem nas ruas, parques, praias, são gastos R$ 550 milhões”, me disse o prefeito Eduardo Paes. “Daria para construir 100 escolas num ano, ou 150 creches, ou 200 clínicas da família.”
No ano passado, Paes criou o “lixômetro”, uma medição do lixo público nos bairros. Quem reduzisse mais ao longo do ano ganharia benfeitorias. O campeão foi a Cidade de Deus, comunidade carente pacificada. Menos lixo no espaço público significa economia para o contribuinte e trabalho menos penoso para os garis. A multa no Rio, hoje, para quem joga lixo na rua é de R$ 146, mas jamais alguém foi multado. Os guardas municipais raramente abordam os sujismundos e preferem tentar educar, explicar que não é legal.
As cestas de lixo nunca serão suficientes para os porquinhos. Porque o que conta é educação e cultura 
Os porquinhos adoram um argumento: não haveria cestas de lixo suficientes. Na orla, as 1.400 caçambas não dariam para o lixo do verão. A partir de fevereiro, as caçambas dobrarão de volume, de 120 litros para 240 litros. E nunca serão suficientes. Porque o que conta é educação e cultura. Ou você se sente incapaz de jogar qualquer coisa no chão e anda com o papel melado de bala até encontrar uma lixeira, ou você joga mesmo, sem culpa nem perdão. O outro argumento é igual ao dos políticos corruptos: todo mundo rouba, por que não eu? Pois é, todo mundo suja, a areia já está coalhada de palitinhos, plásticos e cocos, que diferença eu vou fazer? Toda a diferença do mundo. O valor de cada um ninguém tira.
Em alta temporada, 200 garis recolhem, de 56 quilômetros de praias no Rio, 70 toneladas de lixo aos sábados e 120 toneladas de lixo aos domingos. A praia com mais lixo é a da Barra da Tijuca. Em seguida, Copacabana. Tenham santa paciência. Quando vejo aquela família que leva da praia suas barracas, cadeirinhas e bolsas, mas deixa na areia um rastro de lixo, dá vontade de perguntar: na sua casa também é assim?
A tímida campanha do “Rio que eu amo eu cuido” mostra que muito mais conscientização será necessária. A China produziu um gigantesco rolo compressor antes das Olimpíadas: em outdoors nas ruas, programas de rádio e televisão, o governo pedia à população que não cuspisse e escarrasse na rua. Era uma forma de tentar mostrar ao mundo que o povo não era tão mal-educado.
Experimente responder a estas perguntas. Jogo lixo na rua? Já deixei lixo na praia? De carro, furo o sinal vermelho? Acelero no sinal amarelo para assustar o pedestre? Buzino sem parar e xingo no trânsito? Dirijo depois de beber? Deixo meu cachorro fazer cocô na rua sem recolher? Já fiz xixi publicamente? Corro de bicicleta na calçada, pondo em risco velhinhos e crianças? Abro a mala do carro estacionado para fazer ecoar meu som predileto?
Que tal ser um cidadão melhor e menos porquinho em 2012?

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