terça-feira, 1 de novembro de 2011

Globalização da cultura


 | terça-feira, 16 março 2010

Foto: Gil Lopes
foto GL - outdoor New York
Uma atriz de novela brasileira conquistou o país e foi celebrada em Los Angeles numa festa de prêmios entre os melhores programas de tv no mundo. Esse acontecimento seria suficiente para projetar nossa estrela no mercado de atrizes em território americano? Teria chances? Imediatamente recordamos Sônia Braga como um modelo de situação semelhante. Depois de tantos anos como percebemos sua trajetória? Além da conquista individual que definitivamente pertence exclusivamente a ela, sua imigração trouxe algum benefício para o ambiente de reprodução das artes cênicas brasileiras? Do ponto de vista pessoal qualquer pessoa deve poder fazer o que bem entender do seu destino, inclusive escalar o Monte Everest se quiser. Mas como modelo de reprodução o que podemos concluir da experiência de Sônia Braga. Seria um bom exemplo para nossa atual atriz vitoriosa? Os mais antigos poderão recordar a bela cearense Florinda Bulcan que nos anos 60 se lançou na Itália assessorada por uma Condessa local e teve um sucesso relativo e projeção internacional. Tanto Sônia como Florinda passaram a residir no exterior definitivamente. Haveria alguma chance sem a presença definitiva nos mercados que se submeteram? Enquanto isso observamos artistas espanhóis conquistando um espaço global e sendo premiados em produções americanas, Penélope Cruz é a mais destacada atualmente, mas não só. A presença hipânica relevante no território americano é a base e a razão desse sucesso. Nenhuma outra nacionalidade tem tanta presença nos EUA quanto os hispanos. Mas poderíamos dizer que as artes cênicas espanholas recebem alguma vantagem por conta desse sucesso de alguns de seus atores em terras estrangeiras? Mas e a música , o futebol brasileiro? Não seriam exemplos bem sucedidos da globalização nos atingindo favoravelmente? No caso da música temos que considerar a capacidade interna de geração de riqueza como a base da plataforma de sua exportação. Sem ela é impossível manter o ritmo de produção e circulação necessários para a consolidação da presença. Sem dúvida foi nossa experiência artística mais bem sucedida internacionalmente, e atualmente sofre um período de deterioração em função da ausência exatamente desses pressupostos. Interrompe-se assim o caminho que sobretudo João Gilberto e Tom Jobim nos legaram. O futebol que é esporte, para nós é arte. O primeiro presente é uma camisa do clube do coração. O êxodo dos nossos melhores atletas impede que tenhamos acesso ao seu show a não ser pela via televisiva, somos compradores de bom futebol internacional pela TV, não compartilhamos com a excelência de suas exibições. Mas o celeiro se mantém, a esperança da redenção econômica no exterior é mais um fator de estímulo. Agora que recuperamos nossa capacidade de sonhar, de projetar utopias, em que medida podemos conceber participar da globalização cultural?

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