terça-feira, 1 de novembro de 2011

A Felicidade da indústria


Gil Lopes | domingo, 28 março 2010

Caveira cravada de diamantes, de Damien Hirst
foto GL - Londres ( reprodução objeto de Damian Hirsch)

A indústria da música foi pioneira ao definir sua estratégia de investimento direcionada para o digital, em plenos anos 90. Quem viu lembra do grande chefe Andre Midani explicando na TV o que e como seria o mundo das vendas de músicas pela Internet, na época isso era tarefa para visionários : enxugamento de toda máquina administrativa e galpões de estocagem, as maravilhas da venda imediata on line, simplificação contábil e diminuição do quadro de funcionários, divulgação sem custos de jabá, tudo isso era motivo de “talk show” na época. É célebre também as perdas com enchentes, os casos de desvios nos galpões de discos em São Paulo, e culminou no escândalo internacional da EMI Odeon com impacto no preço de suas ações. Esse era o velho mundo e a velha cultura.
Com a Nova Cultura uma série de novos desafios e questões se impõem, sobretudo o estabelecimento de uma Nova Ordem, legal, para o negócio, sem contudo desprezar o momento histórico de distribuição e alargamento da posse de computadores e meios de conexão. Essa explosão é promovida prioritariamente pois será base constituída do negócio. Cada computador, mais que uma loja, um negócio. É preciso encorajar e dar credibilidade nesse momento de expansão e inclusive fazer disso mais que um bom negócio, uma necessidade. Ao lado disso, vem a Nova Ordem, que se estabelece paulatinamente no tempo. Tempo é dinheiro, mas o Poder é mais importante que o lucro.

Nessa fase de desconstrução da velha Ordem, até o inimigo tem função, cabe ao pirata o desmantelamento do mercado e a desconstrução dos velhos meios, abrindo caminho para o novo mundo, limpo e digno, do futuro.

Nas sociedades mais desenvolvidas, mais educadas e com maior grau de percepção dos agentes sociais de seu papel , nas sociedades enfim de maior poder cultural, o trabalho inicial e fundamento de todos os passos seguintes é o da educação e educar é ensinar a ser livre. Num ambiente cidadão, onde o privilégio da cidadania plena é exercido e gozado pela sociedade, pagar imposto ou respeitar as leis é mais que obrigação, é um direito. Nesses espaços é muito mais fácil projetar o novo mundo e a Nova Cultura. E é lá que está em processo esse evento, de forma gradativa e constante. A lei e a repressão vem a reboque, acompanhadas do desenvolvimento da legislação. Mas a sociedade avança. É isso que vem ocorrendo nos EUA, na Europa e por todo mundo.
Enquanto no ambiente bárbaro as teorias da debacle das grandes corporações evolui junto das considerações sobre o mau desempenho dos seus executivos e estratégias, bem no estilo futriqueiro e mau intencionado que é próprio na mídia comprometida com a anti cultura vigente no Brasil, somos alcançados pelo tsunami que fulmina toda capacidade de reprodução e geração de riquezas da música brasileira, interna e externamente. Instala-se aqui o modelo de pirataria que é justificado pela burguesia, a primeira a se fartar em utilizá-lo, como uma mera reprodução do que ocorre no mundo inteiro ou recorrendo ao “mas quem não pratica isso ?”, fazendo questão de fechar os olhos para o desenvolvimento e avanço da Nova Ordem. Esquecem também que o desemprego e a falta são as decorrências desse comportamento social. Aproveitam para clamar pela inovação que justifique a legalidade, como se isso não fosse uma decorrência de seu comprometimento.

Tristeza não tem fim, felicidade sim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário