quarta-feira, 7 de março de 2012

Morrer na praia

foto GL
Quem vive no Leblon já se acostumou com isso, praia suja todo dia. A jornalista publicou o seguinte texto:
RIO DE JANEIRO - Da praia do Flamengo à praia do Recreio, milhares de banhistas refestelam-se nas areias e refrescam-se em águas que, na maior parte do ano, são improprias para o banho-a ponto de haver praias que ficaram poluídas quase na totalidade de 2011, como a da Urca (96% do ano) e a do Pepino (96%), em São Conrado.
Há dois anos, em fevereiro de 2009, o secretário do Ambiente, Carlos Minc -num intervalo como ministro do Meio Ambiente-, prometeu acabar com o “surfe de coliforme fecal” _ Três anos depois, Minc continua às voltas com coliformes e, na semana passada, voltou a prometer: “Bye-bye, coliformes_ Poderemos mergulhar no mar sem ter que fechar a boca”. No primeiro momento, foi anunciado que as águas salgadas do Leblon, um dos metros quadrados mais caros do mundo, tinham ficado em condições improprias em 35,8% dos dias no ano anterior, 2008. Nesse intervalo, não só o surfe de coliformes não acabou, como os dias de banho impróprio no Leblon aumentaram para 54%, em 2011. Provocada principalmente por esgotos clandestinos e/ou não tratados, a situação se repete em praticamente toda a orla carioca: Leme ficou imprópria em 41% do ano passado, Arpoador, em 53%, e Ipanema, em 43%. E as autoridades estaduais querem fazer acreditar que Ipanema estará limpa até o final deste ano. Nas previsões de despoluição, não há no horizonte prazo para as praias do Flamengo e de Botafogo (esta imprópria em 100% dos dias de 2011). Já dentro da baía de Guanabara, as duas lotam nos finais de semana de brasileiros que preferem nem pensar em que águas estão mergulhando. O programa de despoluição da baía tem mais de 20 anos e consumiu sabe-se lá quantos milhães de dólares. Exemplo perfeito de como ações ineficientes morrem na praia. De boca aberta, como peixe intoxicado.
(artigo de Paula Cesarino Costa, publicado no jornal Folha de São Paulo em 7 de março de 2012.)

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