sábado, 5 de novembro de 2011

A produção da série

logotipo Felipe Taborda
Ver o célebre Tzvetan Todorov reverenciar Caetano Veloso lhe beijando a mão e ouvir dele que esse encontro era como se a Rainha da Inglaterra viesse vê-lo, já justificaria ter produzido a série de palestras Forma e Sentido Contemporâneo sobre Poesia. Episódios fortuitos e inesperados produzem estímulos intangíveis ao espírito do produtor,
para o bem e para o mal. Uma crítica demolidora e injusta pode comprometer a longevidade de um espetáculo, gerar preconceitos insuperáveis, inviabilizar projeções, estimular maledicências, mas a recompensa projetada pelo encontro entre o fã e o ídolo é incomparável. Sua expressão é sempre imprevista, arrebatadora e comovente.
Apresentar um elenco de sábios escolhidos por Antonio Cicero discorrendo sobre a Poesia nos dias de hoje não deixa de ser uma tarefa de grande prazer, a pretensão de encher a vida e a agenda das pessoas de poesia contrasta com a imposição tecnológica que conspira pela atenção integral e exclusiva dos seus artefatos. Não se trata de negá-los, mas de valorizar a dimensão humana avassaladora que a poesia resulta. Constitui-se também num esforço moral, no compartilhamento de um desejo de beleza, respeito e amor pela arte. Em resumo uma atitude prática frente às concepções redutoras que limitam o espaço e o alcance da poesia.
As comemorações octogenárias que temos celebrado nos revelam por exemplo que João Gilberto, o maior artista brasileiro tem a mesma idade de Marjorie Perloff e Michel Deguy, ilustres intelectuais que nos visitam e que despertam a curiosidade de universitários ansiosos por reservar presença nas suas palestras. Num tempo onde a longevidade humana se apresenta cada vez mais auspiciosa é igualmente propício observar como os sábios são forjados e o quanto é fascinante a convivência com eles.  Assuntos instigantes e que tratam de outra ordem ou dimensão como a Poesia, são capazes de juntar palestrantes longevos e jovens fascinados numa cumplicidade altamente conspiradora.
A cultura, diferentemente da construção civil, não tem na intensa alocação de mão de obra a força da economia que gera, mas na sua capacidade de prover os indivíduos de compreensão do que são e do que podem ser para a redenção de seus desejos e aspirações. A cultura no Rio de Janeiro pode se alastrar e ajudar a pensar o Brasil, assim como o mundo espera e observa qual será a novidade vinda do Brasil para além das nossas riquezas extrativas. Como dar melhor fim ao subsídio para produzir cultura senão o de adotar o critério do que pode nos transmitir esperança de viver melhor?
Forma e Sentido Contemporâneo considera que o conteúdo e o estilo de vida modernos indicam
novas necessidades culturais, o homem comum deve se tornar cada vez mais um
homem sutil e diferenciado. Cabe portanto produzir eventos que o eduquem emocional e
intelectualmente. É a nossa motivação.
www.formaesentido.com.br

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