sábado, 5 de novembro de 2011

Reboliço


terça-feira, 2 Março 2010

Foto: Gil Lopes
foto GL- logo em New York 
Depois do assessor do presidente Marco Aurélio Garcia provocar a nação comparando a programação da TV a cabo à Quarta Frota, ou seja, que a hegemonia cultural americana corresponderia no âmbito bélico a presença da sua divisão naval no Atlântico Sul, a resposta veio rápida e contundente. A Folha de São Paulo tomou a frente e disparou matérias, opiniões, declarações condenando a diatribe do governante: “Eles realizam, de forma indolor, um processo de dominação muito eficiente. Despejam todo esse esterco cultural (…) A emergência desse lixo cultural nos deixou numa situação grave". Bruno Barreto achou o discurso obsoleto. Domingos de Oliveira que em recente artigo no O Globo conclamava por um Ministério da Arte e dizia “... qualquer criança, qualquer homem de bem, qualquer pessoa séria, sabe imediatamente distinguir o que é arte e o que não é, o que é o Bem e o Mal, o que é a Ordem ou Caos, o que é motivo de viver ou morrer, o que faz crescer ou diminuir”, se manifestou dizendo que o seriado House é muito melhor do que qualquer série da Globo. Daniel Filho patrulhou a declaração por conta do apoio do assessor aos governos de Fidel e Chaves. Já Roberto D’Avila apontou para a falta de regulação da TV aberta  onde apenas 12% dos filmes são nacionais e na rubrica séries e miniséries 71%  do tempo é ocupado por produtos americanos. Um estupendo anúncio de página inteira do Bradesco Seguros para o musical americano Cats, apoiado pela Lei de Incentivo a Cultura do Ministério da Cultura, divide a página seguinte com imagens do Carnaval. Na sequência a reação continuou. Bruno Barreto novamente vaticinou: “cabe aos produtores criar produtos que sejam interessantes para as emissoras, qualquer imposição pode ser um tiro no pé”. Mas foi do editor de opinião da Folha, Marcos Augusto Gonçalves,  a pérola da manchete “Esterco, Go home!” onde argumenta que a cultura norte americana é decorrência do processo de interação e choques das culturas europeia e africana. Invoca o jazz como fonte da bossa nova e relembra Oswald de Andrade e nossa capacidade antropofágica. Mistura na confusão João e Tom como influenciados pelos jazz na suas criações. Termina ideológico falando também em Chaves,  na censura do governo chinês a Internet e minimiza a participação da TV a cabo que atinge apenas 7,5 milhões de brasileiros com poder aquisitivo para pagar seu aluguel. Antes do final, mais uma página inteira com artigo de opinião agora assinado especialmente pelo cineasta e diretor de tv Luiz Fernando Carvalho que argumenta com o "assiste quem quer" e invoca o livre arbítrio: “proibir não”, seria contra os ideais democráticos tentar restringir o livre fluxo de informações. Relembra Cuba, Venezuela e China, fala em contra mão da cultura , em cerceamento de exibição de conteúdos na era da transmidia. Nosso declarante deu um contorno de guerra no plano cultural. Tratou da guerra cultural que se trava hoje no mundo inteiro produzida pela globalização. Na semana seguinte O Estado de São Paulo abriu seu Caderno 2 com a manchete: A Broadway é aqui. Celebra São Paulo que se consolida como capital do canto e dança com a estreia de seis musicais importados. Termina dizendo que em São Paulo, o canto da Broadway agora parece não ter mais fim. No Rio de Janeiro foi Madonna que municiou a mídia em pleno Carnaval. Dizem que a visibilidade da cidade foi projetada internacionalmente com a presença da pop star americana, trazendo benefícios para o Carnaval carioca. Paris Hilton, Beyonce e Alicia Keys também vieram. Que país é esse?

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